segunda-feira, junho 01, 2009

Umslopogaas

Fala, galera.
Eu desapareço, mas não abandono essa joça aqui.
O engraçado é que é necessário um monte de porres homéricos pra arrumar inspiração (entenda-se como tempo livre, somado à ausência de preguiça e presença de boa vontade).
Os porres sempre vão ficando mais presentes e mais complicados de serem obtidos. Paradoxo? Claro que não, depois de uma boa explicação, tudo fica cristalino como o Cullinan.
Mas, uma coisa é certíssima e evidente. É cada vez mais difícil arrumar bons parceiros de copo!
Aí, vem à cabeça dos observadores a seguinte questão: O que é necessário para ser um bom (quiçá – http://quissahcomcedilha.blogspot.com/ - ótimo) parceiro de copo?

Os seguintes requisitos:

1.
Ser um cara de vida bem resolvida – Não adianta PRN (PoRra Nenhuma, porra) estar no melhor do papo e receber a visita de uma mal humorada companheira, com vontades enormes de socar a sua cara (sim, a sua, pois o marido dela é sempre inocente) e levar sua cara metade de volta ao aconchego do lar (de onde ela tem certeza de que você o retirou forçosamente – tô de saco cheio de ouvir isso);
2.
Estar por dentro de tudo que é interessante – É altamente detestável ter que discutir assuntos repugnantes na mesa de bar (novelas, Faustão, Raul Gil, Big Brother e o resto das nojeiras televisivas);
3.
Gostar de boa música – Creio que não preciso ser mais específico. É importante informar que, infelizmente, é raríssimo encontrar (pelo menos, onde resido) um bar com algo respeitável tocando (com exceção do ótimo Delta Blues Bar – www.deltabluesbar.com.br – onde tive a honra de tomar porres maravilhosos ouvindo a fina nata do rock dos anos 50, 60 e 70 – na primeira noite em que o visitei havia um tributo aos três J's – Jimi Hendrix, Janis Joplin e Jim Morrisson – putaqueopariu!!!);
4.
Não ficar bêbado em velocidades diferentes – É um saco ver o seu parceiro de copo começar a chorar por causa da mãe, mulher, namorada, cachorro. Se isso acontece, seu parceiro ficou mais emocionado que você e é hora de correr de perto dele;
5.
Gostar só de álcool – Aí, na boa, não tem nada mais desagradável que ter que parar de falar da Filosofia na Época Trágica dos Gregos (contribuição enorme do meu amigo André Martins – também tô lendo aqui) pro seu parceiro de copo sair em busca de cocaína, maconha, ou qualquer outra droga ilícita. Dá vontade de dar uma porrada no camarada, pela falta de personalidade (sim, eu sou caretão mesmo, só álcool) e pela exposição involuntária e indevida;
6.
Não gostar de viadices e penduricalhos – Desculpe o machismo gritante, vejam em posts anteriores que não sou machista. O cara não tem que ser bronco e chucro, como o Coronel Ponciano, mas também não pode pedir aquelas bebidas com “guarda chuvinha” ou “canudinho coloridinho”, porra.

Se vocês observarem, verão que em nenhum momento foi citada a possibilidade do parceiro de copo ideal ser UMA PARCEIRA de copo ideal. Por quê isso? Simples, caso encontre uma mulher com essas características, ela só será parceira de copo nos minutos iniciais, nos seguintes ela será a caça ou a caçadora. E caso haja algum vínculo emocional, além do respeito, a parceria se acaba automaticamente.
Mas, nada disso explicou porque os porres continuam acontecendo cada vez com mais frequência.
Os melhores parceiros de copo encontráveis no mercado são os garçons e os donos de bares, mas eles só podem beber quando estão fechando, e isso só ocorre lá pela alta madrugada (2, 3 ou 4 horas da manhã). Então, tenho que ficar bebendo e esperando até que alguém se libere, daí eu é que viro um péssimo parceiro de copo, pois já estou bem bêbado quando isso ocorre.
Continuarei buscando.
--
Creio que estou ficando um velho ranzinza e reclamão, pois os posts que saem da minha cabeça só se iniciam com as palavras: “Eu detesto...”. Veja os exemplos seguintes:

Eu detesto ficar sem beber;
Eu detesto música ruim;
Eu detesto gente chata;
Eu detesto gente superficial;
Eu detesto que mandem em mim;

E por aí vai...
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Eu detesto gente que fica admirada por algo à primeira vista, sem uma pesquisa maior, sem uma noção exata do quão profunda essa admiração poderia e deveria ser.
Exemplo...
Antigamente, não havia informação.
Ouvir um disco, ver um filme, beber um goró, comer uma mulher, tudo era uma questão MUITO complicada.
Tínhamos que nos reunir na casa de alguém (quando seus pais não estavam em casa, claro) e ouvir o último disco dos Picassos Falsos, ou ver o último lançamento em VHS, ou preparar uma dose de cachaça com coca-cola ou esperar o bom humor da Cristina. Tudo era regrado, dinheiro nunca ficou sobrando. Então, quando havia a oportunidade de realizar qualquer uma dessas tarefas, todo momento tinha que ser muito bem saboreado, tínhamos que prestar atenção a todos os detalhes, afinal ninguém fazia ideia de quando haveria outra oportunidade de repetir tal feito.
Seguindo esses rituais foi que aprendi a hiperlinkar todas as palavras que encontrava, procurando seus reais significados e o porquê delas estarem ali e daquela maneira. A única fonte de informação que eu dispunha era o Palácio da Cultura ou as bibliotecas das escolas onde eu estudava, e, obviamente, não haviam mecanismos de busca, encontrar uma palavra específica num mar de letras era tarefa das mais ingratas, mas era muito prazeroso quando ela (a palavra, porra) era encontrada.
Percebia-se que havia um sentido, tudo se encaixava, dava a impressão de ter participado, de ter estado ao lado do escritor no momento em que ele escolheu tal palavra ou tal título.
Quer exemplos?

1991 – Ira! - Meninos da Rua Paulo
Trata-se do livro homônimo de Molnár (que eu já tinho lido bem antes), que conta as aventuras de um grupo de moleques, com idades entre 13 e 15 anos; com sua hierarquia e o respeito entre eles.
1989 – Paralamas do Sucesso – Jubiabá
É outro livro, desta vez, de Jorge Amado, que conta as aventuras de Antônio Balduíno, protegido pelo pai de santo Jubiabá e apaixonado por Lindinalva.
1989 – Paralamas do Sucesso – Lanterna dos Afogados
Também faz parte do livro Jubiabá, esse era o nome do bar onde Balduíno ia beber com Joana, mas que ela detestava, por ser pessimamente frequentado.
1986 – Legião Urbana – Andrea Doria
É o nome de um almirante genovês que expulsou os franceses de Gênova e que, enquanto lutava no mar Mediterrâneo, não conseguiu impedir a retomada da mesma Gênova pelos franceses, anos depois, claro.
1985 – Legião Urbana – Baader-Meinhof Blues
Um violentíssimo grupo terrorista alemão de extrema esquerda, liderado pro Andreas Baader, que conseguiu escapar da polícia, graças à ajuda de Ulrike Meinhof, jornalista, também, de esquerda.
2001 – As aventuras da Liga Extraordinária – Umslopogaas
Valoroso guerreiro Zulu que lutou ao lado de Alain Quatermain, durante suas aventuras nas minas do Rei Salomão (na verdade, cada quadrinho, cada palavra, cada figura dessa obra merece ser pesquisada arduamente, nada foi escrito sem uma referência – favor procurar em posts anteriores).

Daí, Deus disse: “- Faça-se a informação!” e a Internet foi criada.
Mesmo com essa torrente exponencial de informação, não me recordo de ver pessoas procurando informação com o mesmo afinco que destinávamos à nossa garimpagem contínua dos anos 80.
Pelo contrário, vejo pessoas reverenciando personalidades incolores, inodoras e insípidas, só porque está na moda ou alguém o disse que aquilo é o correto. Nenhuma pesquisa efetuada.
Vou seguindo [sic]unicamente primo[/sic].
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Creio que isso deve explicar por quê não consigo escutar muitas coisas atuais, não dá pra enxergar nada de novo nelas, só reedições do que já fez sucesso.
Essa regra só não vale pra Janis Joplin e pro Jimi Hendrix, ainda não apareceu ninguém que cante como ela ou que toque como ele.
Com desprendimento, liberdade e MUITA personalidade.
--
Ah, a tirinha que ilustra esse post é, mais uma vez, do André Dahmer, ele é sensacional, pesquisem e constatarão o que eu digo.
Bom galera, creio que é isso, depois escrevo mais, esperarei por mais algum porre.
Quem sabe nessa noite?

8 comentários:

André Martins disse...

Filosofia na veia nego preto, é isso aí!! Abraço saudoso do amigo
André Martins.

Tasqueopariu disse...

Rapaz, não é que o Mistura apareceu aqui na área de serviço?

Anônimo disse...

Obrigada pela fonte maior desta vez... meus olhos agradecem.

Tasqueopariu disse...

Não sabia que tinha leitores tão maravilhosos.

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Você e suas postagens estilo Copa do Mundo(só de 4 em 4 anos)..

Ótima postagem, diga-se de passagem
=]

Tasqueopariu disse...

Faltou colocar "Pais e Filhos" na lista de músicas, mas deixa pra lá, no próximo post, farei isso.

Anônimo disse...

li denovo e ri denovo, adorei esta postagem.